Ninfeu das Termas Romanas em Chaves

No Museu Termas Romanas em Chaves é possível ver-se um Ninfeu junto às piscinas que constituiriam as termas.
No seu interior, o poço sagrado era, provavelmente, utilizado para recolher água para beber, com fins medicinais ou religiosos. 
A religiosidade do local, associada à evocação das Ninfas, constituía não só uma prece pela cura, mas também um pedido de permissão à utilização da água, um recurso visto como natural e divino, garantia de vida e subsistência. As Ninfas assumiam-se, deste modo, como guardiã deste lugar, um locus naturalis, no meio da urbe.
A localização do ninfeu, deliberadamente separado do resto do complexo termal, parece indiciar uma intenção clara de separar a utilização das águas medicinais para fins terapêuticos do seu uso em funções religiosas. 


"Trata-se de um pequeno monumento independente, consagrado às ninfas aquáticas, sem comunicação direta com as termas medicinais. Um templo simples, inspirado no habitat natural das ninfas: as grutas. Daí a forma semicircular e a semiesfera da meia cúpula que o cobria. Era aqui onde os aquistas vinham agradecer a cura e pagar as suas promessas.
Caracteriza-se por ser uma estrutura de planta retangular em opus caementicium, com cerca de 1,70m de profundidade. A água termal enche-o através de um orifício, existindo um outro que garante o escoamento do excesso de água. O remate do poço é constituído por blocos de granito de grão grosso decorados que lhe conferem o aspeto de um altar. A pedra de cabeceira tem duas cartelas sobrepostas por um tímpano triangular decorado com uma rosácea.
Entre os finais do século II e o início do século III, o complexo termal sofreu grandes obras de renovação, que ditaram o surgimento de novas infraestruturas, tais como, a piscina A , C e B e tanques adjacentes, uma grande palaestra (pátio para descanso) e um intrincado sistema hidráulico que inclui um reservatório (castellum aquae), várias condutas de escoamento (cloacae) e de abastecimento que ligam os pontos de captação às piscinas. Da fase anterior apenas vai permanecer o Ninfeu, com ligeiras alterações.
Nesta fase o templo dedicado às ninfas sofre algumas obras que elevam o piso original mediante a colocação de um lajeado em granito sobre o pavimento em opus signinum (betonilha impermeável)." - Museu Termas Romanas de Chaves

Junto ao Ninfeu foram descobertas duas aras (uma completa e outra apenas um fragmento) e um bloco arquitectónico com uma inscrição votiva dedicada às Ninfas. 


Dedicatória às Ninfas (Fotografia 3)
Bloco arquitectónico com inscrição votiva dedicada às Ninfas que se encontrava reutilizado num edifício da Rua de Santa Maria (Chaves). Possivelmente proveniente do balneário Romano. 

[N]YMPH[I]S AUR(ELIUS) | DION[Y]S[I]US | AUG (USTI) LIB(ERTUS). 
Dedicado às Ninfas por Aurélio Dionísio, liberto imperial. 


Ara às Ninfas (Fotografia 4)
Altar votivo dedicado às Ninfas encontrado junto ao Ninfeu. 

NYMPHIS | VAL(ERIUS) SERVATUS | VOTUM | SOLVIT [LIBENS MERITO]. 
Às Ninfas. Valério Servato cumpriu merecidamente o voto. 


Fragmento de Ara (Fotografia 5)
Altar votivo. Apenas se conserva a parte inferior com um segmento da fórmula dedicatória. Encontrado junto ao Ninfeu. 

[PRO SA(LUTE) SUA ET | OM(NIUM) SOU(RUM) | EX V(OTO) 
(...) pela sua saúde e de todos os seus, na sequência de um voto. 

Podem visitar o museu de terça a domingo (09:00 -13:00 e 14:00-17:00) e a  entrada é gratuita!

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