(Festividade) Santa Luzia e o Paganismo

    Santa Luzia é celebrada no dia 13 de Dezembro, principalmente em Portugal (Vila Real) e na Escandinávia. O que nos salta mais a vista é a sua ligação com algumas celebrações pagãs.
    Como o próprio nome da santa diz esta é uma celebração da luz, durante o período mais escuro do ano, e é bastante próxima da altura da celebração do Solstício de Inverno/Yule, tanto que este dia na Suécia é conhecido como Dia de Santa Lucy ou Pequeno Yule.
    Santa Luzia foi descrita como "a deusa da luz que retorna" (McGrath 1997: 25)* e ela tem muitos atributos associados as deusas pagãs do sol e do fogo. É muitas vezes associada à deusa celta Brigid.
    Ela tornou-se associada ao antigo costume pagão de acender fogueiras no meio do inverno para encorajar o retorno do Sol na época mais escura do ano.

"Para muitas pessoas, marcou o início oficial das comemorações do Natal. Para se preparar para o festival, a casa teve que ser limpa de cima para baixo, velas especiais eram feitas e era estritamente proibido fazer qualquer debulha, fiação ou tecelagem naquele dia. Este último tabu liga Santa Luzia às manifestações da deusa bruxa que fia e tece os destinos da raça humana. A proibição de fiação e tecelagem durante o "período intermediário" dos doze dias de Yule também foi associado à deusa do inverno Holda.
Ao amanhecer do Dia de Lucia, uma jovem, geralmente a filha mais nova da família, era escolhida como a Noiva Lucia ou Lucia a Rainha. A escolhida era vestida com um vestido branco e uma coroa feita de galhos de Mirtilo decorado com nove velas brancas. Como uma representação do sol recém-nascido, a Rainha Lucia viajava ao redor da vila ou cidade e para as fazendas periféricas trazendo com ela a bênção da luz que retorna. Ela era acompanhada pelos ‘rapazes das estrelas’ vestidos como homenzinhos com barbas vermelhas e máscaras grotescas para representar os espíritos do inverno banidos pelos fogos do solstício."  (Texto traduzido por Cain Mireen e ele encontra-se no Magazine The Cauldron de Michael Howard.)

    Hoje em dia, em alguns lugares da Escandinávia ainda é feita a procissão da Santa Luzia, com meninas vestidas de branco e com coroas de velas (normalmente elétricas).

"Na Hungria, Santa Lucia está ainda mais associada a uma forma xamânica de bruxaria que sobreviveu no século 19. Incluía a iniciação no culto das bruxas e a concessão de Visão ou vidência para mulheres iniciadas selecionadas. Isso envolvia fazer um "banquinho de Lucia" que era usado para se comunicar com os mortos no Solstício de Inverno. A pessoa que realizava este ritual, conhecida como "a mulher que vê", sentava-se no banquinho, ela então entrava em transe e tinha visões dos mortos. Estes incluíam os espíritos de bruxas mortas que iniciava a vidente em transe nos seus mistérios. Isso a capacitava a prever o futuro, encontrar um tesouro escondido e viajar  para o mundo espiritual.
Pocs (1998)** sugere que este ritual estava conectado com o culto de Seidr realizado no norte pagão da Europa pelas sacerdotisas de Freya. Esta arte também foi realizada por uma vidente em traje ritual que sentou-se num banquinho numa plataforma elevada. Ela também entrou em transe e comunicou-se com os espíritos." (Texto traduzido por Cain Mireen e ele encontra-se no Magazine The Cauldron de Michael Howard.)

*The Sun Goddess de S McGrath (Blandford 1997), The Sacred Ring. 
**Entre os vivos e os mortos por Eva Pocs (Universidade da Europa Central de Budapeste. Hungria, 1998)

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